Métodos Não Autônomos

A ESSÊNCIA DOS MÉTODOS NÃO AUTÔNOMOS

Métodos não autônomos de entrada na FASE são vários tipos de influências externas capazes de ajudar a colocar o praticante no estado de FASE. Programas de computador, dispositivos, várias ações físicas, o auxílio de um ajudante, ou ainda substâncias químicas, são exemplos de métodos não autônomos. Em certos casos, estes métodos podem realmente ajudar, embora em outros, possam retardar ou até impedir uma experiência genuína de FASE.

Nunca conte com uma substância mágica ou uma máquina para, automaticamente, eliminar as dificuldades associadas à entrada na FASE. Se tal substância existisse, todo o tópico de experimentação da FASE estaria em um nível avançado de desenvolvimento e prevaleceria na sociedade.

Na realidade, ainda não existem dispositivos ou métodos capazes de fornecer, de forma consistente, o acesso ao estado de FASE. Na melhor das hipóteses, eles auxiliam como um recurso de apoio, e, quanto mais atividades o praticante for capaz de fazer por conta própria, mais úteis e eficazes se tornarão estes suplementos. Se a entrada na FASE não tiver sido dominada de forma autônoma, os resultados obtidos através do uso de suplementos acontecerão, quase que totalmente, de forma acidental.

A razão por trás da pouca eficácia de métodos não autônomos de entrada na FASE, se deve ao fato de que o processo fisiológico, responsável pela experiência de FASE, não pode ser definido de forma exata. Apenas as generalidades são conhecidas, nada mais. A fim de obter uma compreensão clara do estado, os processos que dão origem a ele devem ser discriminados e analisados. Todas as tecnologias existentes enveredaram por um caminho claramente equivocado (por exemplo: a sincronização dos hemisférios cerebrais), ou enfocam a detecção e utilização de indicadores indiretos (por exemplo: tecnologias voltadas à interpretação de sinais).

TECNOLOGIAS VOLTADAS À INTERPRETAÇÃO DE SINAIS

Dentre todos os métodos não autônomos de assistência, as tecnologias voltadas à interpretação de sinais produzem os melhores resultados. O princípio de funcionamento por trás das tecnologias voltadas à interpretação de sinais é bastante simples: um dispositivo detecta o movimento rápido dos olhos (REM) e envia sinais para o praticante adormecido, levando à consciência do sonho ou a um despertar, que pode ser seguido por técnicas indiretas. Programas ou dispositivos destinados a interpretação de sinais também podem enviar indicadores em intervalos de tempo específicos, que são recebidos durante o sono REM e são destinados a acordar o praticante para que ele tente as técnicas indiretas.

Tecnologias mais sofisticadas de detecção de sono REM, podem ser comprados em lojas especializadas ou através do comércio on-line. As tecnologias que utilizam a detecção do sono REM, se baseiam em uma máscara especial de dormir equipada com um sensor de movimento, que detectam a freqüência de movimentos oculares específicos que ocorrem durante o sono REM. Quando os movimentos alcançam a velocidade característica dos movimentos rápidos dos olhos (REM), o dispositivo envia discretos sinais para o praticante através de luz, som, vibrações, ou uma combinação destes. Por sua vez, o praticante deve reconhecer o sinal e reagir a ele durante o sono, objetivando a entrada na FASE através da consciência dos sonhos.

A eficácia dos dispositivos que detectam os movimentos rápidos dos olhos (REM), é mais plausível na teoria que na prática. A mente rapidamente desenvolve uma tolerância para estes tipos de estímulos externos e deixa de reagir a eles, e, como resultado, essas tecnologias são dificilmente utilizadas mais que uma ou duas noites por semana. Em segundo lugar, o praticante detectará apenas uma pequena parte dos sinais, e a reação consciente ocorre em instâncias até menores.

Tecnologias voltadas à interpretação de sinais, são mais bem utilizadas para o envio de sinais que permitem que um praticante desperte, sem se mexer, durante o sono REM, o que facilita uma alta probabilidade de entrada na FASE através de técnicas indiretas.

Os preços destas “máquinas da mente” (Mind-Machines – apelido comum de qualquer dispositivo que pretende produzir a alteração da consciência) variam amplamente, e é determinada pela qualidade da detecção e sinalização. Os modelos disponíveis incluem: DreamStalker, DreamMaker (NovaDreamer), REM-Dreamer, Astral Catapult, dentre muitos outros. Como o uso destes dispositivos não garante o aumento do sucesso da prática, investir dinheiro nesse tipo de tecnologia, não é recomendado. Se o praticante estiver curioso sobre as tecnologias voltadas à interpretação de sinais, dispositivos semelhantes podem ser construídos em casa, usando um programa de computador especial e um mouse óptico. Projetos para uma construção caseira, são facilmente localizados na Internet.

Outra maneira “faça você mesmo” de experimentar as tecnologias voltadas à interpretação de sinais, se dá através do uso de um computador, um leitor de música, ou mesmo a função despertador de um telefone celular. O praticante pode gravar sons curtos ou frases que serão tocados, como um alarme, a cada 15 ou 30 minutos durante o sono. Estes sons servirão como sinais para o praticante acordar e tentar as técnicas indiretas.

Se o praticante decidir usar as tecnologias voltadas à interpretação de sinais, vários princípios fundamentais devem ser considerados, senão os resultados serão menos prováveis. As “máquinas da mente” não devem ser utilizadas mais que duas vezes por semana, caso contrário, uma tolerância muito alta será desenvolvida, tornando as máquinas ineficazes. Use tecnologias voltadas à interpretação de sinais em combinação com o método diferido (adiado), que foi coberto na seção sobre técnicas indiretas. É melhor dormir por seis horas, sem distração e, em seguida, após o sono ter sido interrompido, colocar a máscara de dormir e/ou fone de ouvido, e voltar a dormir. O sono será leve nas 2 a 4 horas seguintes, haverá mais sono REM, tornando mais fácil para a mente a detecção de sinais de auxílio. Domine as técnicas indiretas antes de fazer uso das tecnologias voltadas à interpretação de sinais, para atingir a consciência do sonho e a subseqüente entrada na FASE.

TRABALHANDO EM DUPLAS

Trabalhar em duplas é considerado o segundo métodos não autônomo mais eficaz para se entrar na FASE. Um será o praticante, e o outro, o ajudante. O praticante tenta entrar na FASE, enquanto o ajudante oferece vários tipos de apoio para este fim. Por exemplo: o praticante deita-se na cama, enquanto o ajudante permanece por perto, esperando o praticante adormecer. Quando o sono ocorrer, o ajudante observará os olhos do praticante, prestando atenção para os sinais de sono REM, que é principalmente caracterizado por movimentos oculares rápidos, como o próprio nome diz. Quando o sono REM for evidente, o ajudante comunicará ao praticante, através de um sussurro, que, o que ele está experimentando é um sonho. O ajudante poderá variar o volume do sussurro, usar o toque para fortalecer o sinal, ou acender uma lanterna nas pálpebras do adormecido.

O praticante deve detectar os sinais sem acordar e indicar a estado de consciência, através da realização de movimentos rápidos e cíclicos com os olhos. Se não houver tal indicação por parte do praticante, o auxiliar continuará a despertá-lo, o que pode, finalmente, acordá-lo. Se o praticante for incapaz de permanecer no sonho, técnicas indiretas devem ser realizadas. O praticante, sob nenhuma circunstância, deverá se mover ao acordar, ou perderá valiosos segundos antes da transição para as tentativas indiretas. Se a entrada na FASE não ocorrer após as técnicas terem sido realizadas, o praticante deverá voltar a adormecer com a intenção de fazer outra tentativa.

Geralmente, várias tentativas nesse sentido são suficientes para se colher resultados. Trabalhar em duplas é mais bem executado pouco antes de um cochilo durante o dia, ou com o mesmo método diferido (adiado) usado para as técnicas indiretas.

TECNOLOGIAS PARA A INDUÇÃO DA FASE

A ambição de criar um dispositivo que facilite a entrada rápida e fácil na FASE, tem ocasionado o aparecimento de tecnologias variadas que dizem cumprir tal papel. Como já foi dito, nenhum destes dispositivos tem se mostrado efetivo.

O mais famoso deles é o sistema Hemi-Sync, que, presupostamente, realiza a sincronização dos dois hemisférios cerebrais. Hemi-Sync foi desenvolvido por Robert Monroe, um pesquisador americano especialista em esoterismo. A idéia por trás do Hemi-Sync é que, sensações de estar fora do corpo, podem ser induzidas ao se alcançar a sincronização dos dois hemisférios cerebrais. No entanto, este tipo de abordagem gera um paradoxo, pela falta de evidências científicas (ou pseudocientíficas), de que a sincronização hemisférica possa influenciar a percepção sensorial. Na verdade, é o córtex cerebral e seus constituintes, o principal responsável pela percepção sensorial. No início do século 20, tornou-se claro que os pontos-chave em processos sensoriais são executados por vários níveis de inibição e atividade no córtex cerebral, e quase nenhuma atividade em outro lugar.

A chave para resolver o problema da entrada tecnologicamente induzida na FASE, repousa nos processos de inibição do córtex cerebral. Os dispositivos de sincronização não têm nenhum efeito sobre o funcionamento do córtex cerebral. A idéia de usar sons de várias freqüências para induzir um determinado nível de atividade elétrica no cérebro é, até agora, considerado impossível. Assim, os sons e ruídos usados para auxiliar a separação do corpo, não podem afetar diretamente o processo, mas apenas servir como sinais auxiliares. Tal sistema só funciona depois de ter sido usado por um longo tempo, isso quando funciona. Além disso, pode funcionar apenas uma ou duas vezes. No entanto, os sistemas de sincronização são capazes de ajudar os praticantes a alcançar um estado de livre flutuação da consciência, já que os sistemas impedem o sono ou induzem a vigília, fornecendo um terreno fértil para a entrada direta na FASE. No entanto, os sistemas não têm absolutamente nada a ver com a sincronização dos dois hemisférios cerebrais.

A idéia de induzir vários estados de FASE através do som, ganhou ampla atenção. Muitos outros programas e tecnologias têm aparecido como resultado, incluindo, por exemplo, o gerador de ondas cerebrais (BWG – Brain Wave Generator), que permite ao praticante experimentar, de forma independente, uma ampla gama de sons e freqüências, além de vários métodos de transmissão. O efeito é o mesmo: avisos durante o sono ou a manutenção de um estado de transição. Assim, não há diferença visível entre o uso de máquinas e ouvir sons semelhantes ou composições musicais.

Na medida em que os dispositivos descritos acima não oferecem resultados notáveis, a busca por novas tecnologias continua. O número de idéias visando exercer influências não invasivas sobre o cérebro e suas partes constituintes, é crescente. Por exemplo: há uma teoria que afirma que as experiências de FASE podem ser induzidas por estímulos eletromagnéticos no giro angular esquerdo. No entanto, este, como todos os outros métodos não autônomos, é estritamente baseado em teoria. Até o presente momento, a prática consistente, focada, e sem assistência externa, é o meio mais simples e garantido para alcançar a entrada na FASE.

A HIPNOSE E A SUGESTÃO

A hipnose é um método pouco estudado para a entrada na FASE. A idéia é que um hipnotizador seja capaz de levar uma pessoa a entrar na FASE através da sugestão ou afirmação. Não há dúvida de que a hipnose é um conceito interessante, especialmente para pessoas que facilmente se rendem ao poder da sugestão, mas tais pessoas representam apenas 1% da população.

Devido às características específicas da percepção humana, as chances são quase nulas de que a hipnose seja um canal provável para a entrada na FASE. Então, parece improvável que as técnicas de hipnose irão se tornar conhecidas, ou que um hipnotizador de primeira categoria, seria, através da sugestão, facilmente capaz de levar um praticante diretamente para a FASE.

No entanto, é completamente viável que a sugestão hipnótica possa promover maior freqüência na consciência do sonho ou despertar sem se mover (e lembre-se de fazer as técnicas indiretas). Novamente, este método é apenas um facilitador, porém a entrada na FASE depende dos esforços do praticante.

SINAIS FISIOLÓGICOS

A maneira mais simples para complementar a prática é estabelecer um lembrete que induza o despertar consciente e subseqüente realização das técnicas indiretas. Isto pode ser feito vendando os olhos ou amarrando um cordão em torno de um braço ou de uma perna. A idéia é que o lembrete seja imediatamente sentido quando o praticante acordar, induzindo-o à tentativa das técnicas indiretas. Na realidade, as “máquinas da mente” utilizam o mesmo princípio, uma vez que são mais eficazes como pistas, que despertam a intenção de executar uma ação específica.

Um exemplo mais sofisticado de uma lembrança, ocorre quando um praticante cochila em uma posição, com a intenção de causar dormência em uma determinada parte do corpo. Ao despertar, o praticante utilizará a dormência física como uma sugestão para a execução das técnicas indiretas. Um benefício secundário deste método de sinalização fisiológica é que, a parte dormente do corpo pode ser facilmente utilizada para a execução da técnica do movimento fantasma. Adormecer deitado de costas, com um braço atrás da cabeça ou embaixo do corpo, são exemplos eficazes. Estas e outras posturas que impedem a circulação, causam dormência e promovem o despertar. Naturalmente, a dormência não deve ser excessiva.

Diversos experimentos que exploram as necessidades fisiológicas, são especialmente populares para indução do despertar consciente ou para tornar-se consciente durante o sonho. Por exemplo: o praticante pode privar-se da ingestão de água ao longo do dia, antes de tentar entrar na FASE. O efeito é uma sede aguda durante o sonho, o que pode ser usado para comunicar a instalação do estado de sonho. Ou então, como a sede provoca despertares repetidos, criam oportunidades durante as quais pode ser iniciada a prática de técnicas indiretas. Uma alternativa para privar o corpo de água é incluir mais sal nos alimentos consumidos antes de ir dormir.

Outro método é beber muita água antes de dormir, fazendo com que o praticante desperte várias vezes para ir ao banheiro, naturalmente produzindo oportunidades para a execução das técnicas indiretas. O uso deste artifício resulta em consciência do sonho.

Outro método popular auxilia a prática das técnicas diretas. Ao adormecer, manter o antebraço apoiado no cotovelo. Quando o praticante adormece, e o corpo relaxa por completo, o antebraço cai na cama. Sentir a queda do antebraço serve como um sinal que indica a ocorrência de um lapso de consciência, após o qual, técnicas diretas podem ser tentadas. Este método ajuda, mas raramente funciona na primeira tentativa. Não deve ser considerado como uma panacéia.

Como todos os outros métodos não autônomos, a prática da entrada na FASE através da utilização de sinais fisiológicos, não deve ser realizada com regularidade. Há técnicas autônomas mais agradáveis, que apenas necessitam de uma força de vontade natural e um desejo saudável.

SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS

Desde o início, a história dos avanços nas metodologias de entrada na FASE incluiu uma ligação direta com o consumo de determinadas substâncias, começando com as plantas e os cogumelos, em tempos antigos. O uso de ervas especializadas, cogumelos e cactos ainda é praticado em culturas isoladas; xamãs siberianos e índios norte-americanos, por exemplo. A vontade do ser humano em alcançar estados alterados de consciência, fez com que estas substâncias químicas atingissem todos os cantos do mundo desenvolvido.

A inclusão no presente texto dos nomes e descrições destas substâncias químicas e as ervas e plantas nelas incluídas, não é adequado.

Embora o usuário possa experimentar sensações de FASE sob a influência de tais substâncias, a qualidade da experiência é completamente diferente. Não só a estabilidade e a profundidade da FASE são afetados por estes suplementos, mas também, o estado de alerta do usuário. O uso de substâncias e a alteração resultante de processos mentais, atuam negativamente na autoconsciência. A FASE deve ser acompanhada por duas coisas: sensações de FASE e uma consciência de que ela esteja acontecendo. Se um desses estiver faltando, então o estado experimentado, por definição, não foi a FASE. Quando descrições destas experiências quimicamente “realçadas” são estudadas, a marca registrada de muitas delas é a deficiência no controle.

O FUTURO DOS MÉTODOS NÃO AUTÔNOMOS

PARA SE ENTRAR NA FASE

Apesar das tecnologias não autônomas, atualmente existentes, ainda não serem tão benéficas, o futuro está aberto.

Com o desenvolvimento de tecnologias eficazes, a FASE deixará de ser um domínio exclusivo dos iniciados e se tornará uma prática generalizada. Só então os estereótipos (por vezes justificados) e os preconceitos ligados à natureza mística do fenômeno, serão dissipados, e, a partir daí, a FASE ganhará a necessária atenção dos pesquisadores.

Quando forem descobertos métodos que, aplicados externamente, causem entrada na FASE, a experiência humana mudará drasticamente. As tecnologias voltadas para a indução e monitoramento das experiências da FASE, abrirão possibilidades incríveis. Por exemplo: será possível participar de um filme, ao invés de apenas assisti-lo. Experimentar e avaliar produtos sem sair de casa. Viajar por mundos completamente projetados. Jogos de computador serão substituídos por experiências análogas, incluindo sensações físicas reais.

A etapa final seria a unificação das experiências de FASE em um mundo paralelo coletivo, integrado pelas redes digitais existentes: a Matrix. Através do uso desta Matrix, será possível se comunicar com alguém do outro lado do planeta, não apenas através de um link de vídeo em banda larga, mas literalmente tête-à-tête (cara-a-cara).

Esta visão do futuro é uma gota no oceano de possibilidades que serão abertas à partir do uso das tecnologias de entrada na FASE. O primeiro passo para o futuro é a aplicação completa, pragmática e correta das técnicas já disponíveis.